Quase certo é que todo pai e toda mãe deseja o melhor para seu filho e isso se multiplicou por mil, na minha cabeça e no meu coração, quando o assunto foi a mudança de escola do Dan. Quem acompanha o blog, leu vários posts sobre a dificil adaptação que ele teve ao iniciar a vida escolar aos 18 meses, época em que voltei a trabalhar. Quis voltar atrás inúmeras vezes na decisão, mas, segui em frente e alguns meses depois as coisas foram se acalmando, até chegar ao ponto do Daniel pedir para ir pra escola para ver os amigos, fazer atividade e, claro, brincar. Afinal, brincar ou recrear é tudo que uma criança no auge de suas descobertas e curiosidades precisa, ou não? Eu sempre pensei que há tempo para tudo nessa vida e que simplesmente adiantar qualquer processo de aprendizado para que o filho "saia na frente" das outras crianças é um erro. Sei que tem muitos (mas muitos mesmo) pais que querem que os filhos já saibam ler, escrever, desenhar, falar outro idioma, tocar um instrumento antes mesmo da primeira infância acabar e só posso dizer que cada familia sabe o que é melhor para si. Eu não estou com pressa porque penso que a vida adulta é muito longa e se eu não permitir que meu filho "só" brinque agora, quando ele o fará?!
E por que tocar nesse assunto? Bom, como Daniel começou a ir para escola antes dos dois anos, as opções em Manaus eram muito poucas, já que a maioria das instituições só aceita crianças a partir de dois anos. Acabei escolhendo uma escolinha-creche mais ou menos perto de casa, que funciona período integral; porém, coloquei o Dan só pela tarde pois sempre acreditei ser melhor para a criança estar um período em casa e outro período na escola, e, óbvio, eu podia/posso trabalhar somente à tarde, senão, a escolha teria que ter sido outra. Acontece que por se tratar de uma escola pequena e que só atende crianças até os quatro anos, eu pensei em mudar, ano que vem, o Dan para uma escola que ele já ficasse o restante da primeira infância, pelo menos, e foi aí que o meu dilema começou. Visitei duas instituições bem recomendadas, acreditei que havia encontrado a que atendia aos meus requisitos, mas, não saí com o coração tranquilo. Ficou martelando na minha cabeça as palavras da pedagoga: "escola tradicional", "ele terá tarefas todos os dias", "fará pré-alfabetização". Eu só conseguia pensar: "meu filho terá apenas 3 anos ano que vem e já vai ter tanta atividade". Os dias se passaram, o coração continuou inquieto e então a escolinha do Dan perguntou o motivo de eu não deixá-lo lá mais um ano, já que ele está tão bem adaptado etc. Essa conversa só reforçou o que meu coração estava gritando; Dan não tinha que ir para uma escola que já exigisse tanto dele e conversei com o meu marido sobre a possibilidade de não mudarmos o Daniel de escola por mais um ano. Entretanto, levei um balde de água fria...
Quase certa de que Dan ficaria mais um ano na mesma escolinha, fui falar com a professora dele sobre uma atividade que foi como tarefa pra casa que envolvia o reconhecimento das vogais e o quanto vi dificuldade nele para reconhecer as letras, apesar de achar que ele ainda era muito novo para tanto. A professora me diz então que Dan não reconhece mesmo as vogais e que está "atrasado" em relação aos demais alunos, que já reconhecem outras letras do alfabeto. Questionei o fato de ele ser o único da turma a ir só um período e nas entrelinhas acabou ficando claro que esse era o "problema". Daniel saía "perdendo" por não passar o dia todo, sendo que isso jamais me foi relatado, mesmo eu perguntando todos os dias como ele estava em classe. A questão nem foi saber se meu filho estava "atrasado", até porque eu não esperava que ele tivesse que aprender o alfabeto antes dos 3 anos. Não acho que forçar a pré-alfabetização seja o caminho para alunos brilhantes. Minha questão ficou no seguinte: por que não houve essa conversa comigo antes? Ora, dizer ao final do ano letivo que há algo "errado" me pareceu uma grande displicência e me chateou bastante,uma vez que não faltaram oportunidades para uma conversa, inclusive na reunião de pais!!! Resultado: desisti de deixá-lo na mesma escola e fui me debater novamente. Sem qualquer exagero, isso me consumiu três dias e uma noite em claro. Educação para mim é algo muito sério, prioridade zero e eu não quero falhar. É uma imensa responsabilidade porque você vai estar decidindo o futuro de outra pessoa e essa pessoa ainda depende por completo de você. Aflita, a primeira pessoa com quem desabafei foi minha mãe; nessas horas só colo e amparo de mãe resolvem (te amo, mãe!). Falei com a minha prima, conversei com amigas e fui visitar mais uma instituição. Levei o Dan comigo. Queria ver a reação dele. E foi mágico!!! Espaço excelente, construtivista, preocupada em formar cidadãos, associação de pais muito presente, acolhimento ótimo, ufa, um bálsamo! É ideal?? Não, jamais! O ideal está no ideal, mas preencheu o coração dessa mãe angustiada e que viu no sorriso do filho a paz que precisava reencontrar. 2014, nova escola, novos ares, novos amigos e uma vontade enorme de vê-lo crescer num ambiente bacana!