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Gravidez - o primeiro trimestre

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 Depois de escrever o lado poético da descoberta da gravidez, vamos falar francamente a realidade. O primeiro trimestre é PUNK!
 Confesso que não esperava que acontecesse tão rápido. Parei a amiga pílula e no mês seguinte a sementinha já estava lá toda trabalhada na implantação! Com três semanas de gestação, como não tinha como eu saber que já estava grávida, comecei a malhar feito uma louca porque a cada dia meus quadris estavam maiores e duas calças que eram na medida não entraram mais. Culpei o vinho nosso de toda noite, falei pro marido que essa historinha de jantar com uma tacinha de vinho estava me deixando muito inchada e todo aquele blá blá blá de mulherzinha que se acha ENORME por engordar 1kg. Faltando uns três dias para a tal visita mensal chegar, eis que surge uma veia gigante no peito esquerdo. Dia seguinte, eu estava me sentindo a própria Cicciolina (D-us, como estou velha ao dar este exemplo!). E nesse momento comecei a desconfiar. Mas, resolvi esperar o atraso menstrual. Era pra vir num domingo e nada. Segunda-feira, nada. Terça-feira, nada. Pedi então um exame caseiro e à noite lá estavam os dois tracinhos confirmando que eu não estava gorda, eu estava grávida, o que dá quase no mesmo, né?! Afinal, até a barriga despontar, as pessoas olham pra você, analisam, querem perguntar o que aconteceu, já que de repente você está tão corpulenta, mas, resolvem se calar porque dizer que alguém engordou é falta de educação.
 A partir da descoberta, todos os sintomas de gravidez chegaram. TO-DOS! Um sono absurdo, enjoos horrendos, indisposição, mau humor, vontade de chorar por nada, peitos intocáveis, barriga dilatada, prisão de ventre, pele e cabelos mais oleosos, e, principalmente, a fome, mas uma fome que eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser em comer. Já haviam me dito que uma gravidez nunca é igual a outra, mas, eu não esperava tão diferente. Enquanto na gestação do Daniel, eu senti pouquíssimos sintomas que até esquecia que estava grávida, nesta, eu lembro a todo o momento! Impossível ficar mais de 2h sem comer, perdi as roupas muito mais cedo, tenho necessidade de descansar muito mais, o que é dificil porque Dan me demanda muito. A grande vantagem é a ansiedade quase inexistente porque não estou mais em terreno desconhecido. As neuras quase não existem e a vida fica mais leve de preocupações com tudo e a toda hora. Não há tempo para pensar muito no que está acontecendo porque tem um pequeno que ainda precisa muito da minha atenção e acaba "roubando" a minha energia só pra ele.
 A consulta com a GO é mais tranquila, sem tantas perguntas e dúvidas absurdas. A novidade é que irei mesmo me empoderar em busca do meu parto. Mas isso é outra historia, para outro momento. Ouvir o coraçãozinho é sempre maravilhoso e deixa a gente com aquela sensação de poder por estar gerando uma vida. Semana que vem, farei a primeira morfológica ou exame de translucência nucal. Até lá, seguimos com um pouco menos de enjoo e sono. Parece que o segundo trimestre já começa a dar sinais de que tudo vai melhorar!


4 anos de Daniel - o filho que eu precisava ter

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 Neste 13 de novembro, mais um ciclo se completa e mais uma fase se inicia. Nos últimos meses, vários indicios de que mudanças estavam acontecendo se manisfestaram. Dan esticou, está com a aparência ainda mais magrela, tem um andar bem de moleque, tão diferente daquele toddler do ano passado. Adora super heróis e se fantasia todos os dias. Acha que quando crescer será um vingador e salvará as pessoas dos vilões malvados. Já tem amigos favoritos na escola. Aliás, ele adora ir para sua escola linda e colorida, o que me deixa radiante, por ter sido um processo dificil inicialmente. Daniel tem personalidade forte e por isso é muito certo do que quer, o que rendem discussões com a mamãe aqui. Colocar limite é dificil, pois seu temperamento é desafiador. Ainda faz muitas birras quando não tem o que deseja. Dorme sozinho por algumas horas, já que continua a nos visitar na madrugada. Sinto que ele não está pronto para estar só a noite inteira, então, tudo bem. Uma hora acontece.
 O que mais me deixou perplexa com a chegada dos 4 anos, mesmo algumas amigas mais experientes tendo-me avisado, foi o quanto ele se tornou seletivo na alimentação de dois meses pra cá! Isso tem me deixado enlouquecida. Eu tinha um filho que comia de TU-DO! E nas últimas semanas, ele diz não pra quase tudo...até ontem ele comia picadinho e agora não quer nem olhar. Ovo cozido faz ECA!! Frango?! Nem pensar! Tomate cereja que ele pedia pra levar de lanche pra escola, não quer nem ver...pirei, né?! Pelo menos as frutas ele ainda está in love, mas até quando eu não sei...e aí, haja criatividade e paciência. Mas, vamos lá! Deve ser uma fase...
 Dan está ficando menos tímido, anda bem despachado, sabe? o que eu acho uma graça! Se gosta de algo ou de alguém, ele mesmo se convida, sem qualquer cerimônia. Apesar de gostar das brincadeiras de luta, próprias dos fãs de super heróis, Dan ainda é muito carinhoso. Está encantado com a minha barriga crescendo e fala com o bebê todos os dias e pede que ele/ela saia logo para brincarem juntos. É lindo de ver! Ao acordar, beija meu rosto e beija a barriga e dá bom dia pro irmão ou irmã; já sinto um imenso amor entre eles. Esse carinho superou minhas expectativas sobre uma nova gravidez.
 Por isso tudo, posso dizer que Dan é o filho que eu precisava ter e não exatamente o que eu desejei. Porque ele é um amor desafiador e mais real do que meus sonhos propuseram. Eu não pensei em querer alguém que me fizesse tantos autoquestionamentos. Jamais desejei alguém que pudesse me transformar de ponta cabeça. Mas, quem diria, meu filho de apenas 4 anos, fez tantas mudanças em nossas vidas que hoje só posso compreender que eu precisava dele. Precisei para me conhecer melhor, precisei para entender que só se casa de verdade depois dos filhos, precisei para reconhecer os amigos verdadeiros, precisei para dar mais valor a minha familia (pai, mãe e irmã, vocês são meus pilares de ferro!), precisei para descobrir o que realmente eu queria da vida, precisei para abandonar alguns medos e ver surgirem outros, precisei, por fim, para aprender a fazer minhas próprias escolhas, independentemente do que os outros vão pensar. Mais uma vez, chego à conclusão que aprendi mais do que ensinei e aprender mais é a busca infinita. Obrigada por ser meu por mais um ano. Que assim seja o possível do restante de nossas vidas!
Com amor,
Mamãe








Quando o amor inteiro deixou de ser suficiente

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 Quem acompanha o blog, deve lembrar de um post que escrevi sobre um segundo filho. A vontade de recomeçar um novo maternar estava completamente muda, abafada e inerte em mim. Não me enxergava mais grávida, no puerpério, na sombra, na solidão das fraldas e  do leite derramando; aquele começo dificil que quase todas as mães de primeira viagem conhecem. Quando Dan completou 2 anos, comecei a receber uma enxurrada de perguntas de quando viria outro. E eu só conseguia responder: "não sei se virá". E não sabia mesmo. A ideia do filho único reinando foi algo muito cogitado, pensado e conversado em casa. Eu me sentia plena, inteira, feliz da vida com o amor do meu filho, como se não houvesse qualquer espaço para mais. Até que...uma viagem a três, muitas crianças, ambiente muito familiar e um Daniel com a ideia fixa de "quero um irmãozinho, mamãe!!" mudou o rumo da historia. Aquele pedido me pegou de surpresa; fiquei sem saber o que dizer, emudeci. Dia seguinte, a mesma ideia fixa. Eu olhava para meu marido com cara de interrogação. Na volta pra casa, já no avião, Daniel queria (insistentemente) levar o irmão-bebê do amigo pra nossa casa. A vontade era tanta que prometeu até dividir o seu gagau. O que achei bem sério, já que sei ser algo muito importante pra ele. E, a la Drummond, pensei: E agora, José?!
Pai e filho dispostos a aumentar a familia e eu - a possibilidade de concretizar o desejo - negando, para dentro e para fora, esta vontade. Engravidem vocês!, protestei num misto de infantilidade e medo. Afinal, ainda não inventaram um jeito de passarmos essa responsabilidade para os homens. E numa atitude de revolta às avessas, parei o anticoncepcional. Daniel, sem saber, deu-me a mão, os braços, os abraços e o colo que eu queria para pensar em uma nova jornada. Daniel, que havia sido o responsável por me fazer sentir inteira, agora era responsável por eu querer me sentir em dobro, imersa no amor de dois. E num dia de setembro, mês não só das flores, mas também dos amores, o mais novo amor foi concebido, fazendo com que o meu coração passasse a carregar outro coração, mais uma vez. Há 9 semanas, sinto o amor em dobro crescendo em mim.


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