Ah, a chupeta...objeto responsável por altas discussões e opiniões divididas. Eu era convicta de que não faria uso dessa borracha no meu filho. Resisti, bravamente, por 20 dias. Porém, como já relatei aqui, acabei cedendo ao cansaço da noite em claro que passei, porque Dan quis mamar de 45 em 45 minutos. A partir daí, a hora do soninho era sempre acompanhada por ela. Quando Dan começou a falar, aprendeu rapidamente a dizer "pepeta". Falava de forma tão doce e com uma cara de dó, que lembrava o olhar penoso do gato de botas no filme Shrek. Quando ficava doentinho, a chupeta era o consolo e ele acabava passando muito mais tempo com aquela coisinha na boca do que eu gostaria.
Quando eu decidi fazer uso da chupeta, eu tinha em mente que tentaria obedecer o que dizem os especialistas de que o ideal é tirar quando a criança completa os dois anos. Mas, conforme esse dia se aproximava, parecia mais difícil tirar o Dan daquele vicio. Eu até tentei falar algumas vezes sobre como ele já estava grande para continuar usando chupeta e que já estava na hora de ele dar para um bebê pequeninho, que precisava mais que ele. Porém, eu nem conseguia terminar os argumentos. Dan começava a chorar e a dizer, sem parar: "chupeta minha, chupeta minha, chupeta minha"...
Na viagem de dezembro, ele ficou muito viciado. Pois, como ele se estressava com facilidade por estar fora de sua rotina, eu acabava dando a chupeta para que ele ficasse mais calmo. Quando voltamos, tive muito trabalho para fazê-lo entender que a "pepeta" era só para dormir. Mas, consegui que Dan voltasse a passar o dia todo sem a "mardita" e a usasse somente à noite.
Na semana das compras do material escolar, havia, na lista, o pedido de 2 livros de historia. E foi tentando achar livrinhos interessantes para mandar para escola, que eu me deparei com o "Tchau Chupeta". Pensei então que poderia ser uma tática eficaz para, finalmente, darmos um adeus àquela borracha. Foi uma semana inteira lendo, relendo e relendo mais uma vez o livrinho. Dan acabou se apegando à historia da garotinha que jogou sua chupeta no mar, indo morar com os peixinhos. Ele mesmo já pegava o livro e contava a historia com suas palavras. Ou seja, o discurso estava ficando. E foi assim que, no sábado, dia 26/01/2013, com 2 anos e 2 meses, que Dan deu tchau à "pepeta". Claro que antes de fechar os olhinhos, balbuciou docemente a palavrinha para ver se eu cederia. Continuei cantando e cantando e cantando. E ele adormeceu. Três horas depois, chegou a tatear o berço à procura de sua fiel escudeira. Sentou, reclamou, mas, voltou ao seu sono. E, acordou somente de manhã. Ufa! Vencemos a primeira noite. Durante o dia, mencionou uma ou duas vezes, mas, sem choro. Na segunda noite, pediu antes de dormir e eu o lembrei a historinha, ele fez uma carinha de choro, mas, conformou-se e adormeceu. As 05h chorou e eu fui acalentá-lo. Voltou a dormir até as 07h, como de costume. Terceira noite, pediu quando estava vestindo o pijama e só. Tomou o gagau e adormeceu. Noite inteira sem resmungo ou choro. Na terça-feira, no fim da manhã, ele mesmo começou a contar que a "pepeta" estava no mar e que ele era graaande e por isso não precisava mais dela. Quase fui às lágrimas!!! Meu bebê cresceu, amadureceu e não precisava mais da sua amiguinha. Ele estava pronto para estar só!
TCHAU CHUPETA, é um livro do Projeto Cidadão (Antonio Pinto, Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra e Taciana Barros). Ilustrações de Claudia Briza. Ed. LEYA.