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Os primeiros 30 dias como mãe de dois

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Logo que comecei a ler blogs maternos, eu era uma recém mãe de um e já achava que estava vivenciando a experiência mais deliciosamente dolorida da minha vida. Afinal, na maternidade os sentimentos são eternamente contraditórios. Quando lia sobre as mães que já estavam em sua segunda ou terceira ou quarta viagem, eu ficava me perguntando como cargas d´água conseguiam sobreviver. Hoje eu sei. Sobrevive-se pelo amor mesmo...porque é duro, minha gente! É pesado, exaustivo, desgastante, enlouquecedor, tem dias que dá vontade de sair correndo e nunca mais voltar, tem dias que chorar é a única alternativa de continuar sem perder totalmente a sanidade (porque uma parte a gente perde mesmo e não sei se um dia encontra). E entre todos esses sentimentos angustiantes, tem aquele imenso e terno amor que abranda tudo, que faz a gente respirar profunda e longamente e seguir. Além de tudo isso, claro que a ajuda de pessoas maravilhosas a nossa volta é fundamental e digo isso em voz de eterna gratidão porque a primeira semana pós parto foi muito dificil. Minha cirurgia formou edema, tive dores absurdas, um ponto quase abriu, eu minava sangue o dia todo e só fui ficar bem no 10.° dia (e ainda dizem que cesárea é tranquilo). Afora isso, no 8.° dia foi a circuncisão do Noah, a qual não foi bem sucedida e tivemos que ir para o hospital, entregar um bebê de apenas 8 dias nas mãos dos médicos e olhá-lo ir para o centro cirúrgico. Foram os piores 20 minutos de nossas vidas. Debulhei em lágrimas mas o médico era fantástico e tudo saiu bem. Já em casa, o dificil começo entre os irmãos...Dan está enfrentando uma crise e tanto: medo, insegurança, regressão, birra, tudo junto e misturado. E por mais que eu me desdobre, não está sendo suficiente. É muito duro ouvir: "você só quer saber do Noah", "quando você vai poder me carregar?", "eu quero mamar no peito também", "quero você só pra mim", "deixa o Noah aí que eu preciso de você" e por aí vai. Eu sabia que seria dificil, mas não imaginava que seria nesse nível. E a culpa? Ah, essa danada!! Sou atormentada por ela todos os dias quando vejo que não dá pra ser 100% para os dois. Um está sempre em desvantagem, fato! Nessas horas, meu desejo é ser um polvo, porém preciso contar com outros braços para compensar minha ausência: marido, irmã, mãe, secretárias, toda a ajuda que é tão bem-vinda quando é impossível estar atendendo dois ao mesmo tempo. E que sorte ter com quem contar, pior seria não dispor dessa ajuda, eu sei!
Bem, os primeiros 35 dias passaram e, apesar do imenso cansaço, estou mais disposta e sem aquela cara de dor dos primeiros dias. Já já volto a dirigir e poderei levar Dan às aulas, o que já vai melhorar muito a nossa relação, pois sei que ele sente muita falta da nossa antiga rotina, das nossas conversinhas no carro, do abraço apertado de tchau, do sorriso e olhinhos brilhando quando me viam chegar para buscá-lo, da ida ao supermercado ou ao shopping só nós dois, enfim, do tempo entre nós que anda tão escasso. Definitivamente, mãe padece e muito no paraíso. Madrugada dessas, aquele momento em que temos um profundo encontro com nosso "elo" perdido que só quem amamenta ou acorda pra dar mamadeira conhece, fui invadida por deliciosas memórias de alguns anos atrás, de como a vida era diferente e maravilhosamente irresponsável no auge de meus 20 e tantos anos. Fiquei feliz porque pude viver intensamente todas as fases da minha vida e agora está na hora de viver intensamente esta que estou passando para que eu lá na frente possa sentir a mesma saudade certa de que vivi e fiz tudo o que deveria. Eu não suporto me arrepender do que não fiz, odeio sentir o vazio que a inércia provoca. Por isso, que seja intenso, porque como minha sábia mãe diz e minha avó sempre repetia: "tudo passa, minha filha. Até o que é bom". 
CARPE DIEM!


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