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A chegada de NOAH

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 NOAH: Do hebraico "descanso", "tranquilidade" ou "vida longa". Demoramos meses para decidir o nome do bebê. Entretanto, indo na contramão de seu nome, Noah chegou fazendo barulho; e tranquilidade não foi exatamente o que senti nas 16 horas de parto. Falei em um post aqui que no fim da 38° semana, a equipe que faria meu parto (obstetra e doula) não estaria em Manaus por conta de um congresso em São Paulo (SIAPARTO). Elas só estariam de volta quando eu estivesse com 39 semanas e 5 dias. Grandes chances delas voltarem e eu ainda estar grávida, mas tal qual o pão que sempre cai com o lado da manteiga virado para baixo, a lei de Murphy me pegou e com 39 semanas e 1 dia, Noah quis chegar. Na noite do dia 03/06, véspera do feriado de Corpus Christi, eu estava muito disposta e combinei uma saída com casais de amigos. Noite ótima, muitas risadas e de lá saímos mais de meia-noite. Dan tinha ido dormir na casa dos meus pais para que eu pudesse dormir até mais tarde no feriado e descansar um pouco o barrigão. Só que Noah tinha outros planos para nós...as 3h e 40min, fui despertada com uma forte cólica. Chamei meu marido e pedi que ele ficasse mais pertinho porque eu tinha sentido algo muito estranho e talvez o trabalho de parto se iniciasse. Lembro de ter me encolhido em posição fetal mas em menos de 10min senti algo querendo descer e supus que pudesse ser o tampão mucoso. Chamei meu marido e disse que eu iria ao banheiro. Mal tive tempo de sair da cama. Não só o tampão mucoso saiu como também a bolsa estourou e litros e litros de água começaram a sair. Meu marido levantou bem assustado e eu olhava aquela água toda já meio desapontada. Sabia que bolsa rota é sinônimo de alerta e que o parto natural que eu sonhara poderia não acontecer. A maioria das mulheres que estoura a bolsa, entra em TP nas próximas horas. E por 30min eu entrei em TP, com intervalos de 10min em 10min e contrações de 40 segundos. Tudo lindo! Eu estava feliz! Mas passados esses 30min, eu regredi. As contrações ficaram cada vez mais espaçadas e menos doloridas. Liguei para a obstetra que ficou no lugar da minha que estava em São Paulo e ela perguntou sobre a cor do liquido. Informei que estava transparente. Ela disse que então eu poderia continuar em casa mas que as 8h ela gostaria de me ver. Fui ao consultório dela, ouvimos o bebê, tudo estava ótimo, porém, nada de contrações. Ela pediu que eu ficasse em casa me exercitando e andando para que o TP voltasse, mas que caso não acontecesse, eu teria que me internar para começar o antibiótico, já que o bebê não tinha mais a proteção do liquido amniótico. Ao meio-dia fui para o hospital, ainda com quase nada de contrações. As 13h comecei a indução. E aí, conheci A dor. Muita dor. Contrações fortíssimas, doula (substituta) e marido ao meu lado, exercícios na bola, choro, cardiotoco no bebê e ZERO dilatação mesmo após 2 horas de indução. As 17h, um toque e meu colo continuava posterior e ZERO dilatação. Um alerta se acendeu...o bebê a partir dali começou a baixar os batimentos cardíacos a cada forte contração. A obstetra deu o primeiro aviso: "Myriam, sem dilatação desde as 4h da manhã, sem líquido e batimentos do bebê caindo, eu vou segurar só mais algumas horas, infelizmente". Meu mundo caiu...fiquei arrasada, mas continuei firme e forte na esperança de que nas próximas duas horas tudo mudasse. Mais indução, dores dilacerantes e eu realmente achava que algo havia mudado, mas as 20h, um novo toque e a constatação de que o colo continuava intacto e os batimentos do bebê mais instáveis. Meu prazo havia terminado. Chorei! Doula, marido e minha irmã amada me apoiaram muito, a pediatra, minha amiga/irmã chegou e me abraçou e fui encaminhada para o centro cirúrgico. A equipe toda foi tão maravilhosa que a partir desse momento eu esqueci a tristeza e resolvi que ia curtir e comemorar a chegada do meu filho. O anestesiologista foi um anjo, daqueles com a vibe lá em cima e com isso tratou de afastar meu silêncio e meu olhar de pena. Assim, as 21h e 06min, ouvi o primeiro choro do meu mais novo amor. Noah chegou lindo, com cabelo cor de fogo, olhões bem abertos, APGAR 9/10, e mamando imediatamente enquanto eu ainda estava sendo "costurada". Para mim, todo aquele clima de alegria, aquele respeito pela minha vontade, amamentação imediata, respeito ao meu recém-nascido, deu-me a certeza de que tive sim um parto humanizado. Não foi como planejei, ao contrário, foi tudo tão diferente, mas o diferente também pode ser bom quando se tem em volta amor. Noah, que apesar do nome, chegou balançando as estruturas, veio para me fazer sentir o amor materno instantâneo, imediato, fugaz, avassalador, sem a estranheza e a dúvida do desconhecido. Eu que antes tinha tanto medo de não saber como amar outro filho, hoje tenho tanto amor no peito que chega a doer e já nem consigo pensar meus dias sem a existência dos meus filhos. São apenas 16 dias fora da barriga, mas tempo suficiente para me fazer saber que amor é algo desmedido e ilimitado. Quanto mais se sente, mais se sente! Bem-vindo, Noah! Obrigada por me ensinar o amor em dobro, o amor imediato, a gostar do não planejado, a viver uma experiência tão diferente e tão maravilhosa quanto foi nossa jornada de 39 semanas e 1 dia. Que tenhamos muitos dias felizes, que sejamos sempre uma familia!


O primeiro encontro entre os irmãos

O encontro com a irmã mais velha!



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