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Criança tem vontade?!

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 O mês de agosto tem sido agitado. Precisamos fazer duas viagens seguidas com o Dan e isso mexeu bastante com a rotina dele, o que só reforçou que criança e rotina precisam andar de mãos dadas. Dan adora a escola, adora a casa dele e o mundinho que o envolve dia a dia. Ao tirá-lo por duas semanas seguidas dessa vida, as birras nas viagens foram bem violentas. Ele reclamou de tudo; parecia que nada do que fazíamos por ele bastava. Falou repetidamente da saudade da escola, de casa, e, claro, da fiel escudeira Piaf.
 Em uma dessas viagens, meus pais estavam conosco e pude perceber que eles se assustaram com as birras do Dan. Conversando com uma amiga, ela me disse que os pais dela também se assustavam com as birras e com a forma que os pais de hoje em dia lidam com isso. Ouvimos aquele velho discurso de que antigamente criança não fazia o que queria etc. Fiquei com os meus botões pensando sobre isso. Revi minhas atitudes durante a viagem para encontrar o excesso de permissividade alegada. Relembrei o quanto me estressaram as birras e ataques. Mas lembrei que a "permissividade" foi o jeito que encontrei para dizer ao Dan que eu entendia sua chateação e que eu sabia que ele estava daquele jeito porque o tiramos por muitos dias de sua rotina. Ele ficou sem entender as faltas na escola, uma vez que ele já tinha tido férias. Ele ficou sem entender chegar de uma viagem e em seguida viajar novamente. Ele queria ficar na casa dele, com os brinquedos dele, no espaço dele. Dan tem muita facilidade de se expressar. As birras são o pico de sua chateação. Mas ele sabe muito bem o que quer comer, o que quer vestir, onde quer ir etc. E, apesar de saber que eu preciso orientá-lo, gusto de dar alternativas para que ele possa fazer as próprias escolhas. Como eu sou muito autoritária, as alternativas são um treinamento que faço para que meu filho cresça seguro e independente. Até seria mais fácil eu decidir tudo e não ouvi-lo. Mas seria o correto?! Será que o fato de estarmos mais próximos dos filhos e com menos ar de autoridade é mesmo um risco? Penso que a chave é sempre o equilibrio. Ouvir, dar alternativas, compreender a birra não é ser permissiva. É uma outra forma de lidar com a criança. E posso dizer que dá bem mais trabalho. Não sei dizer se terei sucesso e me orgulharei das escolhas que fiz daqui uns anos mas sempre naquela linha de tentativa, acerto e erro, vou seguindo instintivamente. Espero conseguir! Alguém aí com uma luz?! 


As perdas que não compreendemos

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Desde muito cedo aprendemos que: nasce-se, vive-se e morre-se. Mas, espera-se que o interregno entre o nascer e o morrer não seja breve. E mais. Desejamos que a ordem natural da vida jamais se inverta. Só que isso quase nunca está nas nossas mãos. 
Semana passada, um casal querido, perdeu um de seus bebês. O nascer, o viver e o morrer ocorreram em breves dias. A ordem natural não foi seguida. Assim, pais recentes tiveram que dar adeus a um de seus meninos. Compartilhei da dor. Porque depois que somos mães e pais, quando alguém perde um filho, a dor é um pouco nossa também. Certamente, esses pais ouviram dos seus entes próximos, que eles precisavam se restabelecer porque havia outro lutando pela vida. Porque a vida não espera, ela segue, mesmo que a gente pare. As vezes, precisamos cair para dentro para encontrarmos a força que nos falta para então sairmos de novo para o mundo. Enfrenta-lo não é tarefa fácil, porém, necessária, ainda mais quando existe um ser que depende de nós para continuar a viver. Mesmo que o nosso copo transborde, é preciso continuar e como disse um poeta de sábias palavras: "o sol era que mandava, a significar a vida que se punha a continuar para além das grandes tristezas".

P.S.: Su, o amor e o tempo tudo cicatrizam. Ficará a saudade do que seria e estaria por vir. Mas essa será compensada pelo outro amor que ficou.



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