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"Roda Viva"

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Parece cliché e talvez seja mesmo, mas, tenho que declarar meu amor eterno a Chico Buarque! Adoro suas composições, adoro seus livros, adoro sua voz, enfim, sou fã mesmo! Sou daquelas que não tenho uma música preferida dele porque é impossível preferir somente uma. Eu tenho uma coleção de preferidas. Fazer o quê? Gosto e pronto! Porém, como não posso falar de todas ao mesmo tempo, escolhi uma que fala de tempo (mais uma vez!), que é algo que me faz parar(?) pra pensar sempre, pois temo não fazer tudo o que se deve fazer antes do fim chegar! (Suuuuper dramática). "Roda Viva" é de 1967, e, apesar de haver várias interpretações, inclusive sobre ditadura militar, a música é atemporal e se aplica perfeitamente ao momento que qualquer um de nós estiver passando. A minha percepção da música é no sentido de que tem certos momentos que a gente deixa de protagonizar um pouco a nossa vida e vive somente sendo levado pelos dias que se passam ou mesmo pelas pessoas que estão à nossa volta. Parece que nos tornamos apáticos e ficamos lá, estancados, enquanto tudo  e todos caminham. Por outro lado, a música também diz que, muitas vezes, por mais que a gente se esforce e tente fazer algo diferente, o destino vem e muda tudo. Ou seja, nem sempre as coisas acontecem como planejamos, porque existe uma força maior que comanda e leva todos os nossos planos embora. Engraçado é que já me vi ou me vejo em ambas as situações. Já fiz planos que não se concretizaram porque algo aconteceu, além da minha vontade, e por isso não deu certo. Bem como tenho pensado muito ultimamente se estou fazendo algo por mim mesma ou se estou tão-somente vendo a vida passar...ser protagonista da própria vida requer um esforço enorme para se descobrir quem se é ou o que se quer de verdade. E eu ainda estou cheia de dúvidas...enquanto as certezas não vêm, sigo cantando:

"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá

A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá

O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá"

(Chico Buarque de Holanda, 1967)


2 comentários:

  1. Adorei, Myriam! Com a história da ditadura, eu nunca tinha interpretado essa música de forma diferente. Mas você tem razão. Ela se aplica perfeitamente à nossa vida!! ;) Amo as músicas dele tb!!! :) Beijosss

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