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A segurança que o tempo me trouxe

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Uma característica muito minha é que eu não gosto de ser pega de "surpresa", mas não aquela surpresa preparada pelo maridão, pela familia ou pelos amigos no seu aniversário, porque essa todo mundo gosta, né?! Tô falando daquela surpresa relacionada ao despreparo. Sim, porque se tem uma coisa que eu adoro é planejar. Então, quando algo acontece fora do planejado eu fico totalmente perdida, sabe? Esqueço como se faz, como se fala, fico muda, atônita. Por isso, nunca passou pela minha cabeça, por exemplo, deixar as coisas acontecerem, e, simplesmente, engravidar. De jeito algum isso era possível para mim. Tanto que meu filho foi extremamente planejado, pensado, idealizado e todos os ADOS possíveis. Na gravidez, eu tentei ler tudo o que se pode imaginar sobre o durante e o depois. Mas aí, vieram coisas que eu não esperava e o negócio pegou...eu não esperava entrar em trabalho de parto com 32 semanas por conta das infinitas infecções urinárias (tenho desde criança) e ter que ficar em repouso absoluto para "segurar" o bebê o máximo de tempo possível; eu não contava que meu bebê começaria a não ganhar o peso necessário e isso ser um fator preocupante, já que ele tinha grandes chances de ser prematuro. Jamais passou pela minha cabeça que eu iria sair do consultório da minha obstetra, após ter passado pela USG, com 37 semanas, direto para o hospital porque minha infecção urinária estava altíssima, fazendo com que eu tivesse entrado, novamente, em trabalho de parto e meu bebê corria mais risco dentro da minha barriga do que fora. Eu não me preparei para vê-lo ser levado para UTI e não amamentá-lo, tanto que minha pressão subiu para 13 por 10 após o parto, e, por fim, eu não esperava uma depressão pós-parto acabar com todas as idealizações que fiz em relação à maternidade. Foi um começo difícil. Por vezes olhei para ele achando-o um estranho em minha vida. Muitas vezes eu me peguei chorando e me perguntando se deveria mesmo ter tido um filho. Eu não me achava capaz de fazer qualquer coisa por ele, eu me tornei dependente da opinião alheia, como se a minha não tivesse peso, eu deleguei funções a várias pessoas, eu me vi querendo saber como os outros faziam para ter certeza se eu estava fazendo certo. Até que um dia, PLOFT!!! A ficha caiu. E eu me dei conta, enfim, de que aquele bebê era meu e só meu. E sendo assim, o que eu decidisse que seria o melhor para ele, estava decidido, mesmo que alguém viesse com opinião diferente; eu resolvi retomar a maternidade que eu sempre busquei e ser protagonista e não mais coadjuvante. Eu decidi que teria ajuda se eu quisesse, mas, que eu saberia fazer sozinha. Para algumas mulheres, eu sei que tudo isso aconteceu no exato momento em que o bebê saiu da barriga, mas, para mim, foi diferente. Eu precisei de mais tempo...talvez porque eu tivesse me preparado tanto para que acontecesse de um jeito e como aconteceu diferente, eu não soube lidar com a tal surpresa que eu tanto desgosto. Eu precisei me reprogramar para me encontrar como mãe, faz sentido? Para mim, faz. O meu caminho foi cheio de atropelos, de tropeços, de dúvidas, porém, finalmente, a segurança chegou. E chegou para ficar. Não que eu seja a sabedoura de tudo, mas é que agora eu tenho segurança para dizer até quando não sei o que fazer. E vocês não imaginam o orgulho que tenho de mim mesma ao olhar para trás e ver a enorme evolução que eu sofri...agradeço ao meu filho, que mesmo tão pequeno e frágil já foi capaz de me ensinar tanta coisa e me tornar alguém melhor para ele e para mim mesma! A maternagem me trouxe tantos benefícios que seria difícil falar em um único post! Hoje, vivo simplesmente em PAZ, e espero assim seguir.


9 comentários:

  1. Lindo seu depoimento, nem todo mundo tem uma gravidez dos sonhos, ou o parto e para pessoas como vc e eu, que gostam de tudo planejado, sair fora do controle é algo muito maior do que para aqueles descolados que sabem bem lidar com as surpresas, rs.
    Eu tbm tive essas dúvidas sobre será que deveria ter tido filhos? E com a segunda a mesma coisa, será que eu não deveria ter parado na primeira? rs.
    Acho que deve fazer parte, gosto de pessoas como vc, verdadeira, me afastei dos blogs de maternidade onde tudo é perfeito :)
    Uma ótima sexta e final de semana!
    Bjus

    Rafaelando

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    1. Poxa, Rafa, eu amei o comentário tão carinhoso! Eu me propus mesmo a mostrar que ser mãe nem sempre é fácil como muitas fazem parecer por aí! O paraíso não é tão prazeroso sempre e muitas vezes temos muitas dúvidas!! Volte sempre!! Beijão e ótimo fim de semana pra vc tb!!

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  2. Vim retribuir a visita no seu blog, Myriam, pelo meu texto lá no Minha Mãe que Disse.

    Linda sua história! Eu era mais ou menos como você, mas depois de tantos episódios de decepção porque as coisas não sairam como o planejado, eu aprendi a deixar levar e me decepcionar menos. Se tem uma coisa que filho ensina à gente é improvisar e lidar com imprevistos! :)

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    1. Oi, Ana! Obrigada pela visita! E vc tem toda a razão. A gente aprende mesmo a lidar com imprevistos. Aos poucos, estou deixando de ser tão criteriosa e relaxar mais!! beijos e espero vê-la por aqui de novo!

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  3. Myriam, parabéns pela coragem de expor as dificuldades passadas dessa forma. Sabe, na blogosfera materna vejo tantas mães "perfeitas" que às vezes é difícil colocar determinadas dúvidas, situações, dificuldades.

    Mas tb tem muita gente legal que como vc compartilha ao invés de julgar. Seu relato serve pra muita gente não se sentir sozinha nos momentos difíceis de depressão pós-parto, porque, vamos combinar, mesmo pra quem não tem depressão pós-parto, se ver sozinha com um recém-nascido, madrugada a fora, fedendo a leite, toda descabelada é uma realidade distante, muito distante dos comerciais de margarina que vemos na tv e nas novelas, né?

    Eu mesma me lembrava das mães de uma comunidade do orkut da qual fazia parte, que tiveram bebês na mesma época que eu e que deviam estar acordadas na madrugada também. Isso me ajudava a vencer o cansaço, sabe? Era como se eu tivesse alguém pra dividir o peso da responsabilidade e do cansaço, mesmo não tendo conhecido nenhuma delas pessoalmente.

    E que bom que tudo passou e que agora vc se achou na maternidade!

    Beijos
    Syl
    http://minhacasinhafeliz.blogspot.com.br/

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    1. Obrigada pelo apoio e carinho de sempre, Syl!! Espero mesmo poder ajudar outras mamães a não se sentirem tão sozinhas nesse momento inicial, que é bem difícil, mesmo para as que não sofrem de depressão pós-parto!! Beijos e um ótimo fds!!

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  4. Que texto emocionante. Fiquei com lágrimas nos olhos! Não sei se já disse isso, mas tenho muito orgulho de você, ainda mais agora! Vc tá radiante! Bjs

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    1. Ai, K!! Eu que fiquei com lágrimas nos olhos agora!! Obrigada pela amizade e pelo apoio de sempre!! Amo você!!

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  5. To aqui chorando de novo com o texto da Rebeca... Bjs, amo vcs!

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