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4 anos de Daniel - o filho que eu precisava ter

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 Neste 13 de novembro, mais um ciclo se completa e mais uma fase se inicia. Nos últimos meses, vários indicios de que mudanças estavam acontecendo se manisfestaram. Dan esticou, está com a aparência ainda mais magrela, tem um andar bem de moleque, tão diferente daquele toddler do ano passado. Adora super heróis e se fantasia todos os dias. Acha que quando crescer será um vingador e salvará as pessoas dos vilões malvados. Já tem amigos favoritos na escola. Aliás, ele adora ir para sua escola linda e colorida, o que me deixa radiante, por ter sido um processo dificil inicialmente. Daniel tem personalidade forte e por isso é muito certo do que quer, o que rendem discussões com a mamãe aqui. Colocar limite é dificil, pois seu temperamento é desafiador. Ainda faz muitas birras quando não tem o que deseja. Dorme sozinho por algumas horas, já que continua a nos visitar na madrugada. Sinto que ele não está pronto para estar só a noite inteira, então, tudo bem. Uma hora acontece.
 O que mais me deixou perplexa com a chegada dos 4 anos, mesmo algumas amigas mais experientes tendo-me avisado, foi o quanto ele se tornou seletivo na alimentação de dois meses pra cá! Isso tem me deixado enlouquecida. Eu tinha um filho que comia de TU-DO! E nas últimas semanas, ele diz não pra quase tudo...até ontem ele comia picadinho e agora não quer nem olhar. Ovo cozido faz ECA!! Frango?! Nem pensar! Tomate cereja que ele pedia pra levar de lanche pra escola, não quer nem ver...pirei, né?! Pelo menos as frutas ele ainda está in love, mas até quando eu não sei...e aí, haja criatividade e paciência. Mas, vamos lá! Deve ser uma fase...
 Dan está ficando menos tímido, anda bem despachado, sabe? o que eu acho uma graça! Se gosta de algo ou de alguém, ele mesmo se convida, sem qualquer cerimônia. Apesar de gostar das brincadeiras de luta, próprias dos fãs de super heróis, Dan ainda é muito carinhoso. Está encantado com a minha barriga crescendo e fala com o bebê todos os dias e pede que ele/ela saia logo para brincarem juntos. É lindo de ver! Ao acordar, beija meu rosto e beija a barriga e dá bom dia pro irmão ou irmã; já sinto um imenso amor entre eles. Esse carinho superou minhas expectativas sobre uma nova gravidez.
 Por isso tudo, posso dizer que Dan é o filho que eu precisava ter e não exatamente o que eu desejei. Porque ele é um amor desafiador e mais real do que meus sonhos propuseram. Eu não pensei em querer alguém que me fizesse tantos autoquestionamentos. Jamais desejei alguém que pudesse me transformar de ponta cabeça. Mas, quem diria, meu filho de apenas 4 anos, fez tantas mudanças em nossas vidas que hoje só posso compreender que eu precisava dele. Precisei para me conhecer melhor, precisei para entender que só se casa de verdade depois dos filhos, precisei para reconhecer os amigos verdadeiros, precisei para dar mais valor a minha familia (pai, mãe e irmã, vocês são meus pilares de ferro!), precisei para descobrir o que realmente eu queria da vida, precisei para abandonar alguns medos e ver surgirem outros, precisei, por fim, para aprender a fazer minhas próprias escolhas, independentemente do que os outros vão pensar. Mais uma vez, chego à conclusão que aprendi mais do que ensinei e aprender mais é a busca infinita. Obrigada por ser meu por mais um ano. Que assim seja o possível do restante de nossas vidas!
Com amor,
Mamãe








Quando o amor inteiro deixou de ser suficiente

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 Quem acompanha o blog, deve lembrar de um post que escrevi sobre um segundo filho. A vontade de recomeçar um novo maternar estava completamente muda, abafada e inerte em mim. Não me enxergava mais grávida, no puerpério, na sombra, na solidão das fraldas e  do leite derramando; aquele começo dificil que quase todas as mães de primeira viagem conhecem. Quando Dan completou 2 anos, comecei a receber uma enxurrada de perguntas de quando viria outro. E eu só conseguia responder: "não sei se virá". E não sabia mesmo. A ideia do filho único reinando foi algo muito cogitado, pensado e conversado em casa. Eu me sentia plena, inteira, feliz da vida com o amor do meu filho, como se não houvesse qualquer espaço para mais. Até que...uma viagem a três, muitas crianças, ambiente muito familiar e um Daniel com a ideia fixa de "quero um irmãozinho, mamãe!!" mudou o rumo da historia. Aquele pedido me pegou de surpresa; fiquei sem saber o que dizer, emudeci. Dia seguinte, a mesma ideia fixa. Eu olhava para meu marido com cara de interrogação. Na volta pra casa, já no avião, Daniel queria (insistentemente) levar o irmão-bebê do amigo pra nossa casa. A vontade era tanta que prometeu até dividir o seu gagau. O que achei bem sério, já que sei ser algo muito importante pra ele. E, a la Drummond, pensei: E agora, José?!
Pai e filho dispostos a aumentar a familia e eu - a possibilidade de concretizar o desejo - negando, para dentro e para fora, esta vontade. Engravidem vocês!, protestei num misto de infantilidade e medo. Afinal, ainda não inventaram um jeito de passarmos essa responsabilidade para os homens. E numa atitude de revolta às avessas, parei o anticoncepcional. Daniel, sem saber, deu-me a mão, os braços, os abraços e o colo que eu queria para pensar em uma nova jornada. Daniel, que havia sido o responsável por me fazer sentir inteira, agora era responsável por eu querer me sentir em dobro, imersa no amor de dois. E num dia de setembro, mês não só das flores, mas também dos amores, o mais novo amor foi concebido, fazendo com que o meu coração passasse a carregar outro coração, mais uma vez. Há 9 semanas, sinto o amor em dobro crescendo em mim.


Maternidade bipolar

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Mãe TERNA
MaTERNA o filho que também lhe é TERNO
Pelo amor eTERNO que sENTE
Em seu coração sempre tão pungENTE
Porque maternar, apesar de todo o amOR
Muitas vezes causa dOR
Causa também mEDO
De vez em quando em eco:
EDO, EDO...
Causa muito cansAÇO
Mas como dizem que somos de AÇO
Assim como o dia que vem depois da noite
A dor, o medo e a exaustão cedem lugar à PAZ
Que as vezes vem em forma de sorriso
Outras vezes em forma de sono aPAZiguador







Obrigada, Homem Aranha (ou o dia em que ele quis voltar a dormir só)

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 A cama ficou pequena
Será que foi a cama ou as pernas do menino que cresceram demais?
A cama ficou pequena. Por que teimas?
Porque as pernas do menino já não cabem mais.

O quarto ficou pequeno
Será que foi o quarto ou menino que já acumulou coisas demais?
O quarto ficou pequeno. Por que teimas?
Porque, veja, as coisas do menino também já não cabem mais.

A dois meses de completar 4 anos, Daniel surpreende, mais uma vez. Em um domingo qualquer, compramos um jogo novo de lençol do Homem Aranha, com almofadas e tudo. Colocamos para lavar e foi só ver a cama arrumada que ele logo correu, abraçou a cama e disse que queria dormir lá junto do amigo. Não levei muita fé de que de repente ele fosse abrir mão de dormir conosco, mas, sem querer desestimulá-lo,  falei que achava uma ótima ideia. À noite, ele tentou se arrepender e nós tentamos contornar. Veio um pedido de "dorme aqui comigo?" e eu disse que ficaria lá até ele pegar no sono. Contei historias, cantei como nunca mais havia precisado, lembrei das vezes que tentei fazê-lo dormir no berço e não mais no carrinho com 1 ano de idade e pensei nas inúmeras vezes em que foi preciso regredir para um grande passo avançar. Trinta minutos depois, ele dormiu e dormiu calmo, sereno, tranquilo. Eu, como quase todas as mães do mundo, acordei muitas vezes para ver se estava tudo bem e estava, mesmo que eu não quisesse acreditar. Isso foi a primeira noite, vejamos como serão as próximas.

Como essa cama era a de apoio do quarto do Dan e alta, tiramos a caixa e deixamos só o colchão, assim, garantimos a segurança e o livre acesso ao nosso quarto,caso ele precise.



Deixa pra mais tarde

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Mãe, liga a luz?
Mãe, imprime um desenho?
Mãe, fecha a minha fantasia?
Mãe, quero fazer cocô
Mamããããe, já terminei
Mãe, não quero essa roupa
Mãe, fica aqui e monta comigo?
Mãe, não quero esse canal
Mãe, o iPad tá descarregado?
Mãe, quero uma bolacha
Mãe, quero um tomate
Mãe, quero água
Mãe, compra pra mim?
Mãe, quero dormir com você pra sempre
Mãe, eu te amo muito
Mãe, olha um coração pra você!
Mãe, por que você tá chorando?
Mãe, é porque você não para
Mãe, tô com sono
Mãe, quero gagau
Mãe, quero passear
Mãe, hoje eu vou dormir na vovó?
Mãe, quero desenhar
Mãe, posso comer chocolate?
Mãe, comi todo o meu lanche
Mãe, hoje eu fui o he-man na escola
Mãe, não quero dormir agora
E nos mínimos intervalos possíveis, encaixo a minha vida, os meus desejos, os meus sonhos, as minhas vontades, as minhas necessidades e quando não é possível, só posso pensar: Deixa pra mais tarde!


Os filhos na visão de um poeta

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  O texto abaixo é de um escritor português e coloquei na minha página do facebook e muita gente se emocionou:
  "Os filhos são modos de estender o corpo e aquilo que se vai chamando alma. São como continuarmos por onde já não estamos e estarmos, passarmos a estar verdadeiramente, porque ansiamos e sofremos mais pelos filhos do que por nós próprios, assim como nos reconfortam mais as alegrias deles do que a satisfação que diretamente auferimos. Por isso temos gula pelos filhos, uma gula do tamanho dos absurdos, sempre começada, sempre incontrolável. E queremos tudo dos filhos como se nunca nos bastassem, nunca nos cansassem porque, ainda que nos cansemos, estamos incondicionalmente dispostos a continuar, uma e outra vez até que seja o corpo extenuado a desistir, mas nunca o nosso ímpeto, nunca o nosso espírito.Até porque desistir de um filho seria como desistir do melhor de nós próprios. Cada filho somos nós no melhor que temos para dar. No melhor que temos para ser." (Valter Hugo Mãe)



Filhos: a oportunidade de renascer

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 Perdi a conta de quantos depoimentos já li de mulheres que se transformaram com a chegada dos filhos. Algumas mudaram de profissão, outras optaram pelo home office, muitas pararam de trabalhar, tem as que mudaram o corte de cabelo ou tingiram, muitas deixaram a vaidade de lado por falta de tempo ou por escolha e tem as que continuaram iguaizinhas por fora, mas por dentro, quanta diferença. Seja qual for a mudança, o fato é que a chegada de um filho é transformadora. A mulher que dá à luz tem a oportunidade de fazer o seu próprio (re)nascimento. Eu mesma olho para trás e vejo a drástica mudança que sofri, fisica e emocionalmente. Mudaram as prioridades, as vontades, os desejos, os medos, os gostos, a profissão, os horários, os sonhos, alguns valores, o olhar para o outro e para o mundo, a audácia, as preocupações, o motivo de sorrir e de chorar, os cabelos, o corpo, a pele, a alma. E tão bonito quanto ver e sentir a mudança em si mesmo, é poder acompanhar a mudança de quem a gente gosta muito e sempre esteve na torcida para que quando a maternidade chegasse a sua porta, fosse tão reveladora quanto foi para mim. A gente se conhece há quase 20 anos e foram tantas e tantas as coisas que dividimos que um post jamais seria suficiente. Estão todas elas guardadas na memória e no coração. O momento que agora dividimos é o mais belo de todos. Porque agora, K, você vai compreender o amor de que tanto falo, o cansaço de que tanto reclamo, as chateações misturadas com o "mas eu amo meu filho, viu?!", as preocupações bobas, o não praquele happy hour, o adeus ao nosso escritório, a eterna falta de tempo, o choro sem causa, a culpa que tanto me assola, a vontade de ser a melhor mãe possível. Lia, ainda na barriga, já foi capaz de fazer tantas mudanças que é impossível não perceber que o seu renascimento já começou mesmo antes de parir. Lia, que já estava em nossas conversas de adolescencia, apesar do nome singelo, vem com a força de quem sabe a que vem. Vem para tranformar. Tranformar Kátia em mãe, Daniel em pai, casa em lar. Lia, quando  você chegar, tem um mundo inteiro para você transformar, porque os filhos fazem isso, transformam tudo, porém, para melhor.
Com amor, aos amigos (irmãos) K e Dani.


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