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Nasci filha e agora sou mãe...

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04 de fevereiro de 1981, data em que cheguei ao mundo, por volta das 18h, após quase 24h de trabalho de parto. Minha mãe, uma menina de 21 anos, mas com a força e a coragem de quem já tinha vivido o dobro, deu à luz...ela tão menina, tão sem experiência, tão ainda ingênua, naquele instante, vinha ao mundo mãe e filha. Mamãe foi daquelas que aprendeu vivendo o dia-a-dia, sem manual de instruções. Fez cama compartilhada e nem sabia o que era isso. Colocou-me na escola aos 3 anos porque achava que antes disso não era bom pra mim. Optou por ser exclusivamente mãe por anos porque queria estar bem perto. Embalou-me, ninou-me, alimentou-me, cuidou-me, foi a todas as reuniões de pais, a todas as festas da escola, virou mãetorista por mais de uma década, chorou com cada vitória, e, também com cada tropeço. Muitas vezes deixou de me compreender, mas, no final, a gente sempre se entendeu. Bradou várias vezes que eu só a entenderia no dia que eu me tornasse mãe. Tornou-se meu pilar de ferro...e cá estou, aos 31 anos, mãe. Ainda não sei exatamente a mãe que sou porque às vezes quero ser completamente diferente dela, mas, eu teimo em ser igual. Por que será? Agora que sou mãe, já a compreendo mais, mas, ainda assim, quero traçar meu próprio caminho. Tive dois grandes exemplos: mãe e avó...duas grandes mulheres, donas de forte personalidade, tenho tanto delas que muitas vezes não sei se estou falando de mim ou delas. Uma já se foi e deixou um vazio enorme...a outra, ainda presente, mesmo com todas as nossas diferenças, somos tão iguais. Sou mãe, porém, ainda sou mais filha. A ligação que temos é muito forte. Ela sempre sabe quando não estou bem, só pela voz no telefone. Incrível como vínculo é algo que quando formado fortemente na infância perdura o resto da vida! Claro que ela errou, mas, sei que foi com a intenção de acertar. Ela sempre deu o seu melhor, reconheço, mesmo nem sempre tendo sido o melhor para mim, naquele momento. O fato é que tive a melhor mãe possível, porque a melhor mãe real é isso, a que é possível. O cordão umbilical não sei se conseguiu ser cortado, porque mesmo quando ausente, ela está presente, seja nos meus pensamentos, seja nas minhas ações. Sem querer me pego pensando: "o que ela diria"? Essa simbiose é estranha, mas, não me libertei. Talvez porque nem queira me libertar, ainda não sei. A única coisa que sei é que quero estabelecer o melhor vínculo possível com meu filho, para que, no futuro, a gente, mesmo distantes, estejamos sempre ligados.


2 comentários:

  1. Que texto lindo, Myrian! Eu também sempre tive uma ligação muito forte com minha mãe. Ela também sabia se eu estava bem ou não só pelo "alô" ao telefone ou pelo som dos meus passos ao entrar em casa. E mesmo quando eu quero ser diferente dela, acabo sendo igual.

    Felizes somos nós que crescemos guiadas por mães tão maravilhosas, de forma real, sem comercial de margarina. Tomara que eu seja uma mãe assim pra Julia também.

    Beijos
    Syl
    http://minhacasinhafeliz.blogspot.com.br/

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