Páginas

Maternidade X Maternagem

|
Tornar-se mãe é algo mesmo transformador na vida de uma mulher. Eu que antes parecia nada saber ou entender sobre gravidez, maternidade, estado puerperal, colostro, amamentação, parto humanizado, cólicas, chupeta, fraldas, fases do bebê e tudo o mais que envolve o mundo materno, hoje estou sempre às voltas com leituras de todos os tipos e desprovida de qualquer preconceito, desde que abordem sobre essa vida que optei por abraçar e me envolver plenamente.

Entre tantas descobertas que fiz, uma das que mais gosto de pensar é sobre as diferenças entre maternidade e maternagem, termo este que antes de ser mãe eu não tinha ouvido, ou, se tinha ouvido, não dei a devida importância. A raiz das palavras é a mesma, porém, envolvem sentidos completamente apartados. A maternidade está ligada à capacidade que as mulheres têm (a maioria) de gerar uma vida. Ou seja, o termo está intimamente relacionado à questão biológica que nós, mamíferas que somos, temos de colocar um serzinho no mundo. A partir daí, podemos optar por simplesmente exercermos a maternidade, ou, podemos escolher virar a nossa vida de cabeça para baixo e nos jogarmos de corpo, alma e tudo o mais o que nos compõe, na tal maternagem.

Dessa forma, compreendi a maternagem como pura opção. Opção de cuidar, de amar, de educar, de nos tornarmos mais altruístas, opção de nos reconstruirmos como seres humanos, de não saber o que fazer e ainda assim fazer porque algo tem que ser feito, opção de não dormir e mesmo assim sobreviver ao restante do dia como se nada tivesse acontecido, de viver sem tempo para fazer o que antes julgava imprescindível, escolher ficar em casa enquanto seus amigos estão curtinho uma cerveja gelada em um bar super legal, e ainda a opção de não mais viajar tanto quanto você gostaria, de ser várias em uma só e dar conta da casa, do trabalho, do filho, do marido, e, se sobrar tempo, de você mesma.

Para quem tem mais de um filho é tudo isso elevado ao quadrado e mais um pouco. Ou seja, a maternagem é pura entrega, e, por isso mesmo, não é ofício fácil e nem é para todas. Abdicar é algo muito, muito difícil. Mesmo que seja para o que considero ser o maior amor do mundo. Tanto isso é verdadeiro que vejo (muito) por aí, vários exemplos de mães que exercem a maternidade e outras a maternagem. Encontro mães que foram pelo caminho da adoção e estão exercendo tão bem a maternagem sem nunca imaginar como é a maternidade. Assim como eu sei de tantos exemplos de quem deveria não ter direito a experimentar nada porque, definitivamente, não nasceu para isso.

Confesso que num primeiro momento, eu não soube exercer a maternagem. Ela não estalou no exato instante em que o Daniel veio para os meus braços. Não mesmo. Tenho plena consciência de que primeira e instintivamente veio a maternidade. Eu precisei de tempo para entender que o que eu buscava era a minha maternagem. E quando eu digo minha é porque eu queria cuidar do Daniel do meu jeito e eu não sabia como fazê-lo naquele início que se sabe ser tão difícil para quase todas as recém-mães.


Hoje, sigo mais confiante, porém, com o pé atrás o suficiente para entender que é sempre tempo de aprender porque errar faz parte. Sou melhor hoje e pior do que amanhã, mas, imersa num amor profundo e numa vontade imensa de fazer meu filho feliz.


4 comentários:

  1. Amei! Parabéns pelo Blog! Só o descobri hoje, mas há tempo de curti-lo muito. Um beijo, Ju Leite

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Ju!!! Espero vê-la sempre por aqui!!! Beijão pra vc!!!

      Excluir
  2. Sabe, eu amo todas as responsabilidades de ser mãe. E acho que é exatamente por isso, pela vontade imensurável de fazer meu filho feliz.
    Lindo seu texto.
    beijo

    ResponderExcluir

Palpite à vontade

Layout por Xiricutico.blogspot.com para uso exclusivo de Myriam. Proibida a cópia!
Tecnologia Blogger