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A dificil arte de educar

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 Há um tempo que tenho vontade de escrever sobre esse tema, pois textos e mais textos transbordam na minha TL sobre educação infantil. Inclusive foi lendo um texto de um blog que acompanho que me acendeu a luz para escrever hoje. Palmadas proibidas, cantinho do pensamento proibido, correção proibida, vários estudos que comprovam que quase tudo que signifique punição causa transtorno ou dano. Sinceramente, as vezes me sinto em alto mar sem qualquer perspectiva de ser salva. Fico lá à deriva, à espera de um socorro que não sei se virá e na dúvida, também não saio do lugar com medo de perder um helicóptero que possa me salvar. É tanta gente dizendo o que deve ou não ser feito que uma onda de insegurança se alastrou nos pais dos últimos anos e uma geração de crianças mandonas tem aumentado na mesma proporção. Os pais temem os filhos, temem ser repreendidos pelos olhares alheios e ficam lá com cara de bolacha enquanto as crianças tomam conta da situação. Hoje, com um filho de 5 anos extremamente desafiador, tenho que dizer que conversar apenas não resolve. Ele dá de ombros, ele ri na minha cara, ele faz pouco, ele me ignora. Se já bati? Sim! No auge de um ataque de nervos bati em seu braço. Adiantou? Não!!! Fiquei mal? MUITO! Bater não educa, fato. Além de não educar só demonstra o quanto somos frágeis e podemos sair do eixo se não contarmos até 100 antes de levantar a mão. Mas apenas conversar também não funciona, pelo menos aqui em casa. É preciso fazer o Daniel sentir que perdeu algo para entender que o mundo não gira em torno dele, que ele não pode ter tudo o que quer e que há regras sim de boa educação. O castigo, para mim, ainda é a saída e danem-se os estudos que disserem o contrário. Ficar sem o jogo preferido do iPad ou sem a hora do videogame quando chega da escola ou ainda não ir mais dormir na casa da vovó surtem bastante efeito. Voz firme também ajuda muito. Depois sim, rola muuuuuita conversa e sem muito mimimi. Pergunto numa boa ao meu filho qual o motivo pra tanta reclamação e desafios...fico pensando que hoje nossos filhos vivem uma vida muito mais facilitada que as crianças de 50 ou 100 anos atrás e isso talvez gere menos frustrações, menos dificuldades, menos passar vontade, menos desejos quase impossíveis. Com exceção obviamente da parcela que sobrevive em meio à miséria, hoje as crianças vivem um consumismo grande sem muita dificuldade, até porque o crediário permite que quase todos os sonhos se tornem possíveis. Tenho a impressão de que tanta facilidade foi prejudicial. Tanto que é um exercício diário dizer não ao meu filho que por conta da imensa publicidade infantil, pede muitas coisas todos os dias e sei que se as tivesse, deixaria de lado em 10min. E dizer não é muito chato. Dá trabalho. Mas é necessário! Senão, que ser humano adulto meu filho se tornará? Vi e ouvi uma mãe não deixar o pai tirar um brinquedo da mão do filho - o qual estava sendo usado para bater em outras crianças - porque o filho estava gritando e chorando demais e ela não queria ouvir...eu também não queria ouvir meu filho berrando porque eu disse um não. É um saco! Mas escolhi colocá-lo no mundo. É meu dever educá-lo para esse mundo. não dá pra virar de costas, não dá pra passar a mão na cabeça, não dá pra deixar só dessa vez. A personalidade é formada até os 7 anos de idade. Todos os valores serão formados nessa fase e carregados pro resto da vida! Depois disso, fica muito mais dificil mudar. Há dias que me descabelo e choro com os desafios. Seria mais fácil deixar pra lá, enche-lo de aulas todos os dias, terceirizar 24h/7 dias por semana, dar tudo o que ele pede...mas não foi esse o compromisso que assumi comigo mesma de educar um filho. Leio tudo o que posso, converso e pergunto das professoras e pedagogas como proceder, mas me recuso a ser alheia. Não há manual de instrução disponível porque cada criança tem um temperamento e por isso não gosto dessas teorias absolutistas que aparecem por aí. E à medida que a criança vai crescendo, a forma de proceder tem que mudar. É óbvio que quando Dan tinha 2 anos e fazia birra não me sentia tão desafiada e enfurecida quanto agora que ele tem 5 anos e sabe responder muito bem quando quer. Uma criança de 2 anos no cantinho do pensamento realmente não tem valia alguma. Mas o Daniel, aos 5 anos, entende perfeitamente porque foi mandado pro quarto pra pensar. Inclusive, depois vou lá e pergunto se ele sabe o motivo dele estar lá e explico porque me chateei e todo o blá blá blá necessário. E ele responde e entende muito bem!!! Nos dias de fúria, peço ajuda do marido, porque humana que sou, sinto raiva e nessa hora é melhor que o outro mais calmo tome conta da situação. Só acho estranho quando leio ou ouço alguém dizer que nunca fica com raiva...ou a criança realmente é um anjo e diz sim para tudo sem jamais desafiar ou não sei o que pensar! Gosto da frase de um livro da Clarice Lispector quando ela diz: "a gente zanga sem deixar de gostar". É isso! Filhos nos levam à loucura mas deixar de amá-los é impossível. Aliás, só quem ama se descabela e se desespera. O desamor é a indiferença. Então, para mim, jamais o tanto faz!


8 comentários:

  1. Nossa, Myriam...também tenho tentado escrever sobre esse tema, mas ainda não concluí. Surgem tantos outros assuntos que acabam indo para o rascunho (um dia sai rsrs). Mas você escreveu exatamente o que penso.
    Quanto mais eles crescem, mais determinados ficam, parecem já saber o que querem e nos dão respostas surpreendentes. Por aqui, nunca me convenci sobre o cantinho do pensamento quando Milena era mais nova, sempre foi na base da conversa com tom firme. Admito que nem sempre funcionou em pouco tempo, logo vinha uma básica frustração de mãe, mas sempre insistia, até ela compreender (cansando a paciência, confesso). Recente a colocamos de castigo por uma situação, até que "funcionou", mas realmente não é fácil...vou seguindo com o que o coração manda e a razão permite agir.
    Muito boa sua reflexão! Bjs

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    1. Obrigada, Larissa! É um tema um tanto ácido, eu diria...mas necessário falar sobre...porque não acredito que seja fácil pra ninguém...claro que tem crianças mais dóceis e outras com a personalidade mais forte (meu caso) e acredito que por isso não uma única regra, é preciso encontrar o seu caminho!

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  2. É bem isso, Myriam!!! Parabéns pelo olhar crítico, sem deixar de ser sensível. Beijos

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  3. É bem isso, Myriam!!! Parabéns pelo olhar crítico, sem deixar de ser sensível. Beijos

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