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A chegada dos 35 e o Rubem Alves

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Faltando apenas 2 dias para completar 3.5, ando nostálgica. Ontem ouvi um rock que me remeteu direto as minhas idas ao Bar dos Hell´s Angels...lugar que adorava, mas não existe mais...era 1998, 17 anos, caloura da faculdade de Direito da antiga U.A, hoje UFAM, recém-namorada do meu marido, recém liberta dos nãos dos meus pais, podendo, finalmente, sair à noite com os amigos e chegar depois da meia-noite!! Uau!! Eu estava no céu!!! Os tempos de faculdade foram os melhores da minha juventude. Conheci o amor da minha vida, fiz os melhores amigos que a vida poderia me dar (os bons perduram até hoje), achei que havia encontrado a profissão mais legal do mundo, fui às melhores festas e baladas, passei por 3 greves da universidade que me permitiram viagens e muitas idas aos bares da cidade, onde, desculpem os adeptos do wey protein, tem-se as melhores conversas e as amizades são pra sempre, afinal, desculpem mais uma vez os adeptos do wey, não confio em quem nunca bebe ou não come açúcar de vez em quando. 
 As memórias ainda são frescas e ouso dizer que parece que foi ontem que vivi tudo isso aí. É que ando assustada que agora começo a ficar mais perto dos 40 do que dos 30...é dificil...a certidão de nascimento não mente mas quero dizer que ainda me sinto com 25..hahahahahahahahahaha...ando com certa dificuldade de responder à pergunta "quantos anos você tem?" pior ainda é preencher formulário que não se contenta com data e mês de aniversário. É mesmo necessário escrever o ano que se nasceu? Cadastro de loja eu me recuso a responder o ano que nasci. Pra quê?
 É quase impossível não se fazer um balanço da vida quando o aniversário está chegando. É que nem fim de ano...passa aquele filme na cabeça, a gente faz mil promessas, revê um monte de conceitos etc. Só não gosto de quem diz "a vida me trouxe até aqui..." porque, né? a escolha é nossa, então estou aqui por mim mesma. Olho para trás e vejo claramente que estou onde eu quis estar. Não foi por acaso não. Conforme o tempo foi passando, as escolhas foram se tornando diferentes do que eu havia planejado lá atrás. Fiz muitos planos, mas poucos efetivamente se concretizaram, porque quando vivenciei o momento, mudei de ideia. Sem dúvida, a maternidade foi o momento mais marcante, não por causa do amor pelo filho e toda aquela poesia que já se sabe, mas pela fenda dolorida que se abriu, fazendo-me ir em busca de novos planos porque eu não era a mesma de antes, em nada! Foram mais dores que amor...porque não é fácil desfazer-se do que parecia certo para ir em busca do que nem se sabe. É difícil não saber mais quem se é e só saber quem não mais se é. Costurar uma vida nova em cima do que já se tinha é dolorido. Um novo casamento para uma nova mulher; uma nova atividade para uma nova pessoa; uma nova pessoa para uma recém-mãe. Hoje tá mais fácil lidar com tanta mudança. Já são 5 anos...o tempo não cura mas esfria as dores. E aí que lendo Rubem Alves, bem nessa semana que ando pra dentro, deparo-me: "a felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer..." (Ostra feliz não faz pérola. Alves, Rubem, 2014, p.12). E caiu como uma luva. Porque nos últimos 5 anos eu fui a ostra do livro...para parar a dor que o grão de areia causava lá dentro, criei algo brilhante em volta e hoje, como prêmio, tenho a pérola. E essa pérola não é só o que consegui conquistar, é também a ansiedade do que está por vir, o querer coisas novas, o contemplar o que já se tem sem perder o interesse pelo que ainda pode ser. É a mistura de satisfação e ambição, porque quero me sentir viva. Quem se contenta muito, parece-me que já se entregou. Eu quero mais! Bem-vindos, 35! Com saúde pra seguir e amor para fazer valer o esforço!


8 comentários:

  1. Farei 35 em março, mas também acho que tenho 25!! Eu poderia ter escrito esse texto, a maternidade também abriu uma fenda dolorida em mim...Adorei a poesia!! Bjs Rafa

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    1. Parabéns então para nós, Rafa!!! Um beijo grande pra vc e obrigada pela visita!

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  2. Também fico bem nostálgica. Em dezembro me senti bem assim, tanto no aniversário no início do mês como no final de ano (fiz vários balanços kkkk). Acredito que o início do ano contribui pra me fortalecer mais, pra dar mais um "up" pra conquistar algumas coisas que estão na minha lista dos desejos (que está ficando grande rsrsrs).
    Ah... e quanto a responder a idade, ultimamente, além de pensar na minha, ainda fico impressionada com a da Milena, fico me perguntando "mas já?" "nasceu ontem" hahahah
    Feliz 35...mais realizações, saúde, sabedoria e amor!
    Bjos,
    Larissa.

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  3. Fiz 30 em janeiro e tbm fiquei nostálgica. A gente relembra o que já vivemos,faz planos para um futuro melhor.Enfim,feliz aniver pra vc com muita saúde,paz e sucesso!!!

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    1. Obrigada, Luh e parabéns pela nova idade!! Ser balzaquiana é 10!!!

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  4. Bem vindos, 35! Texto perfeito, Myriam. To aqui vivendo uma fase de possiveis mudanças tão desejadas mas com muito medo. Vou ler seu texto novamente e pensar aqui sobre minhas dores, acertos, erros e a pérola que to construindo.
    Beijos!!

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    1. Obrigada, Rita!! Espero que o texto lhe ajude!! Bjks!!! Muitas bejks na fofa Liana!!!

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