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A ditadura do parquinho

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Eu comecei a ler blogs maternos ainda no puerpério. Como eu não tinha com quem esgotar as minhas dúvidas e angústias maternas, eu fui em busca de quem estava passando pelo mesmo momento que eu. Era uma necessidade de saber mais sobre tudo, que me corroía a alma. Como no mundo "real" poucas ou quase nenhuma pessoa estava disposta a ficar me ouvindo falar só sobre isso, a blogosfera materna virou a minha melhor amiga. Por meio dessas mulheres que compartilhavam suas experiências, muitas vezes, eu me vi em seus discursos. Muitas me fizeram repensar a forma como eu estava maternando, outras me fizeram ter certeza de que eu estava no caminho certo, e houve aquelas que me deixaram na dúvida. Houve também aquelas que eu parei de ler porque não tinham nada a ver comigo e eu me sentia desrespeitada quando lia. Afinal, jamais vamos conseguir agradar todo o mundo. Ao longo desses quase quatro anos de leitura, senti uma mudança nos discursos. O que era tão-somente um compartilhar de experiência, virou, em alguns casos, uma ditadura, como se quem fizesse diferente, estivesse errado. Um dos discursos que mais vi proliferar, foi a historia de algumas mulheres que renunciaram sua vida profissional em prol da maternidade e passaram a achar um completo absurdo nunca ver algumas crianças com seus pais no parquinho do condominio ou na pracinha. É fato que há milhares de casos de pais que efetivamente terceirizam por completo a educação e criação de seus filhos e quanto a esses, reservo-me o silêncio porque nem sei o motivo de terem tido filhos. Mas, existem os que tem ajuda mas não terceirizam e ainda assim vivem sendo apontados (julgados) porque não são vistos no tal parquinho numa segunda-feira as 9h...
Eu sempre tive ajuda e é ajuda mesmo. A linha é tênue e cabe a cada mãe (e pai) saber o limite. Dan vai ao parquinho do nosso condominio, o qual fica em frente a minha varanda e nos 50 min que ele passa lá, eu estudo. Quando ele volta, estou apta a fazer as atividades com ele, levá-lo comigo ao supermercado ou a um passeio na livraria que ele ama etc. Mas confesso que parquinho com ele é nos fins de semana, já que durante a semana me dou ao direito de me concentrar e estar em silêncio por menos de uma hora. E toda vez que eu leio sobre essa historia do parquinho e da pracinha eu penso: "gente, isso é só um lado da moeda!!" Essas pessoas não sabem do dia-a-dia daquela familia. Não sabem o que a mãe e o pai daquela criança estão fazendo e o porquê de não estarem brincando com seus filhos no meio da manhã. Essa celeuma toda me lembrou uma frase que adoro e calha muito bem nessa disputa (ridícula) materna:
"não fosse isso e era menos. Não fosse tanto e era quase" (Paulo Leminski)


24 comentários:

  1. Myriam estou precisando encontrar essa uma hora para mim, para que eu volte melhor para minhas meninas, estou num loop de trabalho e cuidar das meninas que estou muito cansada. Acabo que não estou aproveitando tanto a companhia maravilhosa das minhas meninas.

    Tri-beijos Desirée
    http://astrigemeasdemanaus.blogspot.com.br/

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    1. Eu imagino, Dé!! Seu ritmo de trabalho é alucinante. O meu é só pela tarde, então, é mais tranquilo! E essa minha hora faz toda a diferença!!

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  2. Myriam, eu nem leio mais esses textos, pq sou exatamente o tipo de mãe que NUNCA estará na pracinha com a filha nos dias de semana e, em fins de semana tento conciliar os desejos dela com os meus, ou seja, supermercado com brincadeira de carrinhos, salão com espaço kids, algum evento infantil, claro (teatro, cinema), e algum descanso em casa também, pq eu não sou de ferro.... preciso dormir, descansar, assistir TV e levantar as pernas um pouco. Então, amiga, pra todas as mulheres que acham que os pais que não levam os filhos ao parquinho o fazem por que o querem, beijinho no ombro do recalque da mãe que não tem a OBRIGAÇÃO de fazer isso para provar nada a ninguém. Sou a mãe que posso ser para a minha filha e aposto que ela ama.
    Beijos!

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    1. Hahahahahahahahahahaha
      Eu estava esperando uma resposta exatamente assim!! Ameeeei o beijinho no ombro!!! Hahahahahahahahahahaha
      É pro recalque bater longe!!!
      Só vc!!! Hahahahahahaha
      Beijo enorme!!!

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  3. Olha... Eu nem fui ao parquinho e celebro essa horinha em que Katy e eu descansamos. Mais um pouco e apago todos os telefones para que ninguém chame ou q nada faça barulho... Lá no predio onde vivemos, ontem o vizinho foi sair e ligou o volume no ultimo volume.. Desci com "osanguenozoio"... Gesticulei q ele tava louco com aquele volume... Masss.. O parquinho, né.. Ixe, essa imagem de parquinho sempre vem à minha mente como uma imagem já pré-definida... Pais.. filhos.. tretas... as que fazem jogging e as que fazm crochê... E que querem se matar rs... bjs Acho que nçao falei nada com nada aqui hoje...

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    1. Hahahahahahahahahaha
      Acho que rolou um desabafo!! Hahahahahahahahaha
      Sangue nos olhos acontece comigo tb!! Mas geralmente não sigo adiante...
      Beijos!!!

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  4. Myriam, cada pessoa tem uma realidade diferente, e ser uma boa mãe não é ir no parquinho todos os dias. Acho que na internet acaba que as pessoas escrevem muitas coisas e as vezes são grossas ou muito radicais porque estão por trás de uma tela, daí fica mais fácil de ser assim. Mas a gente sabe que não é bem assim. Não é porque uma mãe faz assim que todas as outras tem que fazer...
    Beijo, Rita

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    1. Esse é o ponto, Rita. Realidades diferentes e o respeito que as diferenças existem. O que não faz uma melhor ou pior, mas tão-somente, diferentes...pena que algumas levem isso a sério demais! Bjks!!!

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  5. Concordo com a Rita, no comentário acima. As realidades são diferentes e não é porque uma mãe faz algo, que as outras terão que fazer. Cada qual sabe de suas necessidades e, claro, sua disponibilidade.
    E é aquela velha história, é importante a qualidade do tempo que se passa com os filhos, pois penso que o que adianta a mãe "estar" no parquinho com a criança, quando na verdade, ela não está lá? (confuso,né?! rsrs).
    Com o tempo, vamos desencanando de algumas opiniões, né?! rsrsrs
    Beijos,
    Larissa Andrade.

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    1. Bem isso, Larissa. E foi nesse ponto que quis tocar. Maternidade não é robótica, então, cada uma vive a sua de acordo com o que acredita e pode. Existem alguns parâmetros universais, mas, não é ditadura. Parece que ultimamente perdeu-se a espontaneidade. Tá todo mundo tentando criar códigos de boa conduta materna/paterna...

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  6. Gostei muito da abordagem do tema: minha filha só vai no parquinho na creche e quando uma vizinhazinha chama ela pra ir aqui em casa. O meu condomínio é pequeno, bem fechado, pra ela ser sequestrada é necessário alguém pular um muro de 20 metros ou passar pela porteiro.Sei que ela está bem, a outra menina que ela vai brincar tem a idade dela e tem trocentos irmãos perto e até a mãe da menina tem costume de ficar na banquinho do parquinho direto. É claro que ela fica pouco tempo, mas é melhor do que eu prendê-la em casa, pq eu quase nunca vou. E não tenho remorsos por isso: estou geralmente bem cansada ou com milhões de coisas para fazer e aproveito o horário para adiantar as coisas. Vou falar a verdade: tem blogs maternos que irritam demais e eu não aguentava mais tanta mãe se achando com doutorado em maternidade, defensoras inconscientes de machismo e outras coisitas. E não é pq a gente não fica no parquinho o tempo todo que a gente não aproveita os nossos momentos com nossos filhotes, não é?
    Bj

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    1. Josi, que saudade das nossas conversas via blog e dos comentários sempre tão prudentes!! É isso...aproveito meu filho em tantos outros momentos que o parquinho é completamente secundário. Daí eu nunca ter compreendido esse estresse todo e essa "preocupação" das "super" mães com o fato de nem todas poderem estar todos os dias no parquinho!!
      Adorei vê-la aqui!! Bjão!!

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  7. Já me martirizei com esse lance do parquinho! Chatice. E parei de ler quase tudo, juro! Um bando de mulher mala...Escrevi um pouco sobre isso hj..(Voltei no Livrinho!)
    Gostei do disse Dani Rabelo...exatamente isso. Sou o que posso ser...
    Bjs

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    1. Rafa, que noticia boa! Vou ler com certeza!! Eu tb cheguei a me martirizar, mas já passou! Eu tb adorei a frase da Dani!!!
      Bjinhosss

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  8. My, esse dias estava lendo sobre o movimento Stop war mom e esse seu post vem bem a calhar, parece que de repente a maternidade te impoe seguir uma cartilha que na maioria das vezes não nos cabe. Eu mesma já me vi em uma sinuca de bico dentro de uma reunião familiar por ter "demorado" para desfraldar os meninos, várias maes perfeitas me dizendo o que eu deveria fazer etc... Enfim, não simpatizo com a maternidade cor de rosa,não tenho saco e quando percebo essa tendencia vou saindo à francesa do papo.

    Bjs

    Ju

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    1. É, Ju...a maternidade tem incriveis variaçoes de cores! Mas jamais eh completamente rosa. Tb nao creio em que a pinta desse jeito! Tem algo errado...
      Bjao!!

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  9. Pessoal confunde o verdadeira significado de maternagem. Não que eu seja perito no assunto, pois nem mãe eu sou.. hahaha Mas como pai posso opinar! rs O exemplo que você deu sobre o parquinho foi muito bom. O ato de deixa-lo ir brincar "sozinho" com seus amigos, ensina valores ao Dan. O valor da amizade, o significado de fazer amigos, socializar, rir, brincar e se sujar com seus amigos. Resolver pequenas tarefas e problemas, como "de quem é a vez, vc perdeu, agora sou eu..." e etc. Não ir ao parquinho não te faz menos mãe, assim como leva-lo até lá. Cada família tem uma sinergia, uma rotina, uma característica e isso que as pessoas que julgam esquecem. Na minha opinião, tendo amor, carinho, cuidados gerais (alimentação, saúde e etc) não tem como errar. Bjss

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    1. Bruno, adorei!!! É isso! Cda familia tem sua dinamica e seus pilares de valores que permeiam a educacao e o comportamento! Portanto, nada mais logico que o maternar seja diferente de uma familia pra outra. Por isso, tentar fazer codigo de conduta eh ultrajante!
      Obrigada pela visita!
      Abraços

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  10. Sabe Myriam,tó pouco tempo no blog,mas já vi essas formas de atacar as mães,também não concordo com isso ,de forma alguma ,sou mãe e filha ,Hoje tenho a oportunidade de ficar com minha filha em casa ,mas minha mãe não teve,ficou viuva e eu tinha 3 anos de idade,estudei em escola o dia inteiro ,nem por isso cobrei ela ,aliás me orgulho muito ,minha mãe é meu maior exemplo de luta e superação .
    voutandoasermenina.blogspot.com.br

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    1. Oi, Dercilia! Seja muito bem-vinda! Que bom que vc conhece os dois lados da moeda e compreende que nem sempre é o que parece ser. Beijo grande!!

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  11. amiga ter ajuda é muito importante
    renova nossas forças
    também li muito blogs e ainda leio aprendo muito e os que não combinam comigo pulo
    fora, acho que a vida é uma troca de experiências
    Linda Noite
    beijokas da Nanda

    Sendo a mãe da Isa e da Gabi
    Google+Nanda

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    1. Uma troca valiosa, eu diria. A gente aprende até com o que não concordamos!
      Bjks!!

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  12. Voltei pra dizer que lembrei desse texto hoje: fui no parquinho do prédio com o Davi, estou nos últimos dias de férias, eu era a única mãe. Havia mais três crianças com suas babás...E viva o parquinho!

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    1. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAHA...e cada uma tem seus motivos, justos ou não...HAHAHAHAHAHAHAHAHA

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