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Preparação para o parto

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 As 38 semanas chegaram e o dia D agora se aproxima. Definitivamente, nenhuma gravidez é igual a outra. Quando me falavam isso, eu não acreditava, mas tinham razão. A experiência que tive nesta segunda gestação foi completamente diferente da primeira. Desde o primeiro trimestre pude diferenciar uma gestação da outra. Enquanto na do Dan eu senti muito sono e um enorme cansaço nas pernas, nesta, além do sono, tive muuuito enjoo, que só foi melhorar na 14ª ou na 15ª semana. No segundo trimestre, apesar de eu me sentir bem mais disposta e sem os enjoos, não tive taaaanta energia quanto na primeira gestação. Mas acredito que isso se deveu pelo fato de tendo um filho de 4 anos em casa, descansar foi algo raro e por isso eu passei a gravidez inteira me sentindo muito cansada. Quando o terceiro trimestre chegou, senti um grande impacto em relação à primeira experiência. O bebê 2 é maior e mais gordinho, logo, minha coluna está em frangalhos. A parte muito boa foi que eu não tive qualquer episodio de infecção urinária nesta gravidez, ao contrário da primeira em que tive desde as 24 semanas infecções que eu não conseguia controlar nem fazendo uso dos antibióticos. Dan acabou nascendo com pouco mais de 37 semanas, com baixo peso e dificuldade respiratória, tanto que ficou na UTI por 36h.
 Outra grande diferença foi quanto à preparação para o parto em si. Como eu fiquei muito frustrada por não ter conseguido o parto normal da primeira vez, resolvi que nesta gravidez eu teria uma outra experiência. Por isso, fiz escolhas diferentes: mudei a equipe médica, fui atrás da ioga para grávidas para preparar meu corpo para o trabalho de parto, li mais, aprendi a conhecer mais meu corpo, comecei a massagem perineal na 36ª semana, a hidroginástica foi até quase 37 semanas, drenagem para evitar o inchaço de 2 a 3 vezes por semana, além de um enorme empoderamento fruto da leitura e da companhia de outras mulheres lindas e que caminham no mesmo propósito.
 Como não cheguei as 38 semanas na gravidez do primeiro filho, estou vivendo a minha primeira vez a partir de agora. As contrações de treinamento estão cada vez mais fortes, a pressão na região pélvica é grande, ou seja, o corpo está sinalizando de que o grande encontro se aproxima. As noites tem sido longas e cansativas, pois levanto pelo menos 4 vezes para ir ao banheiro, logo, um grande preparo pra fase de amamentação que está pra chegar!
 Eu me sinto em clima de despedida: quero mais tempo para descansar, para curtir o filho mais velho, sair com o marido, arrumar pendências. Tudo isso em meio a uma imensa ansiedade de conhecer logo quem está aqui dentro e remexe tanto com o meu corpo. Quero pegar nas suas mãozinhas, cheirar aquele cheiro que só os recém nascidos tem, derramar muito leite, sentir aquele misto de cansaço/desespero/alegria que só o puerpério nos permite sentir, porque como já dizia a música: "só as mães são felizes".


Ciranda da Grávida

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 Chico (Buarque), querido, desculpa! Mas aqui a ciranda não é da bailarina, é da grávida mesmo!!!

 Procurando bem
 Toda grávida tem algum enjoo
 Ânsia ou nojo
 E tem prisão de ventre, azia ou muita fome
 Só grávida de revista é que não tem
 nem dores, nem sensibilidade nas mamas
 nem cólicas ela não tem


 Confessando bem
 Toda grávida tem inchaço
 Dor na coluna, incômodo na pelve
 insônia, cansaço
 E se desequilibra, tem falta de memória
 Só grávida de revista é que não tem
 nem sono, nem espinha, nem estria
 Até muita vontade de fazer xixi ela não tem

 Homenagem a todas as mulheres que bravamente encaram a linda, porém, ardua aventura de gestar! Afinal, nem tudo são flores, nem tudo é cor de rosa ou azul bebê. Existem muito mais sintomas entre o céu e a terra da maternidade do que supõe a nossa vã filosofia!




Ensaio

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 Confesso que eu estava meio relutante em fazer o ensaio fotográfico dessa gravidez, mas todo mundo me disse que se eu tinha feito do primeiro filho, tinha que fazer do segundo também...rsrsrsrsrsrsrs...e não é que tinham razão? Eu adorei esse ensaio porque foi muito diferente do primeiro...já havia um filhote do lado de fora e foi uma delicia fazer fotos com ele (mesmo as vezes ele se estressando com tanta pose! hahahahaha), com o marido e com a nossa fiel escudeira Piaf! Seguem algumas fotos dessa tarde ensolarada, calorenta (como só Manaus podia ser) e linda!!!









Qual o papel do pai? O que tem mudado?

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 Historicamente, sempre vimos o papel do pai atrelado ao de provedor do lar. Quase como uma regra absoluta, coube ao homem a saída em busca do sustento da familia, enquanto à mulher ficou incumbido o papel de alicerce emocional e de cuidados com as crianças e a casa. Gerações e gerações tornaram o papel do homem e da mulher extremamente dicotômicos, como se fosse impossível flexibilizá-los ou (con)fundi-los. Ao longo dos séculos, a tradição e os costumes trataram de arraigar em nossos pensamentos mais genuínos que ao homem/pai não cabia o vínculo afetivo e de cuidados com seus filhos, ao contrário, por muito tempo acreditou-se que o distanciamento emocional do homem era a chave para familias bem sucedidas. O século XX foi responsável pela primeira mudança nesse cenário egocêntrico masculino, já que permitiu a entrada da mulher no mercado de trabalho, balançando a estrutura dita consolidada dos modelos familiares. As mulheres passaram a buscar por direitos iguais, bem como passaram a pensar mais fora da caixa ao se permitirem sonhar com uma felicidade diferente daquela atrelada ao pacote casamento e filhos. A partir desse momento então, é que se torna possível o faiscar de uma nova realidade para as familias. Quando li há mais de 2 anos o meu livro de cabeceira A maternidade e o encontro com a própria sombra da argentina Laura Gutman, um capítulo em particular me chamou muito a atenção por definir "o papel do pai como esteio emocional". É engraçado como ela traz a necessidade de um homem extremamente sensível para possibilitar o apoio que a mulher puérpera precisa. Até pouco tempo atrás imaginar esse nível de sensibilidade em um homem era quase uma obra de Salvador Dali. Hoje, sinto e vejo todos os dias um movimento lindo de pais que querem ser muito mais do que simples provedores. Vejo pais que querem ser ativos e parceiros de suas esposas/companheiras. Ainda não é o ideal mas aplaudo as mudanças existentes. Mais que um simples trocar de fraldas e botar para arrotar, vejo pais engajados e que paternam lado a lado da mãe. Pais que entram em rodas de discussão sobre alimentação saudável, sobre sling, cama compartilhada, métodos montessorianos e afins, universo antes pertencente à mãe, muitas vezes incompreendida e taxada de monotemática e louca por tentar ser a melhor mãe possível. Eu vi essa mudança diante dos meus olhos e dentro da minha casa, pois quando olho meu marido hoje, vejo um homem que entendeu o paternar e que escolheu compartilhar e não apenas ver de longe a criação de nosso primogênito. Eu não disse isso a ele, mas possivelmente foi um dos motivos que me fez querer uma segunda viagem maternal. Por um tempo, a primeira viagem foi solitária e foram necessárias muitas leituras em voz alta, muitos monólogos sobre criação de filhos para que a mudança viesse. Eu sabia que seria mais fácil seguir o fluxo e ser como muitas familias são: partidas ao meio, dicotomizadas. Mas eu nunca me contentei fácil com o que é comum e fui atrás de transformar a realidade bipartida em realidade triangular: PAI, MÃE, FILHO. E para terminar, deixo um parágrafo das palavras de Laura:
"Devemos procurar oferecer o melhor de nós mesmos à pessoa amada, em vez de gerar expectativas em torno do que o outro me oferece. Embarcar em um projeto familiar requer o máximo de generosidade e a convicção de que é necessário construir uma cadeia de apoios para possibilitar a criação dos filhos. Este conjunto de virtudes que acionar o melhor de cada um se chama familia."


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