Há algum tempo venho pensando em escrever sobre esse assunto, mas, sempre tive medo de não me fazer clara o suficiente ou de ser mal interpretada. Entretanto, acho que por manter um espaço em que tento jogar o mais limpo possível comigo mesma e com quem lê o blog, não é justo que algo que me vem sendo questionado tão frequentemente pelas pessoas, fique de fora. Tentarei ser o mais branda possível e entendam: as decisões são sempre passíveis de revisão. O que penso hoje, pode não ser o que pensarei amanhã. Vamos lá:
Ultimamente, venho sendo assombrada pelo segundo filho. Onde quer que eu vá, sempre vem a pergunta "quando você dará um(a) irmãozinho(a) para o Daniel?", ao saberem que ele já está com 2 anos e meio completos. Posso dizer, usando a expressão do momento, que tenho sofrido bullying. Tento me desfazer o mais rapidamente da pergunta, mas, não tem jeito...vem uma avalanche de explicações a favor de eu engravidar o mais rápido possível. E eu tenho preguiça de dar todas as razões que me levam a não optar pelo segundo filho. Porém, utilizarei o meu espaço para dizer que, por enquanto, ou, por toda a vida, ainda não sei, eu não quero o segundo filho; e a primeira razão é muito simples: eu não o desejo. Não mesmo. Estou muito bem realizada na maternidade. Não preciso de uma prole para conhecer o que é o amor de mãe. Não me sinto vazia e nem faltando um pedaço. E essa historia de que é bom ter um segundo filho para dar uma companhia ao Daniel é, na minha humilde visão, absurda. Se eu vier a ter outro filho, será porque eu o quero, eu o desejo, eu sonho com ele. Filho não é tapa buraco de nada.
Outro motivo que me leva a pensar com muito cuidado sobre a chegada de um outro bebê é o tempo (o vilão da vida moderna). Para mim, filho é sinônimo de dedicação, é renúncia, é desapego. Eu optei por parar por 1 ano e 5 meses até voltar a trabalhar, e, ainda assim, voltei somente por meio período. Eu não quero ter que parar de novo, bem como não quero ter que deixar um bebê numa creche ou aos cuidados de terceiros o dia todo. Se estou priorizando, neste momento, um pedaço do meu dia ao trabalho e não pretendo abrir mão disso (pelo menos por hora), não vejo porque colocar outro ser humano no mundo se não for para eu me dedicar por completo a ele. Vejam bem, isso é uma opinião muitíssimo pessoal. Eu entraria em total crise de culpa, caso não pudesse ser o mesmo que fui para o Daniel. Não seria justo com alguém que sequer pediu para nascer.
Corroborando com o que penso sobre maternidade, a capa da revista Veja veio falar sobre mulheres que priorizaram a carreira e não querem filhos. Eu achei de uma sensatez e serenidade invejáveis. Porque, definitivamente, a maternidade não é para todas. E se é para se ter um filho de qualquer jeito, eu me pergunto: pra quê, afinal?! Ora, é claro que não se precisa voltar a ser Amélia (que era mulher de verdade, será?!). Mas, ter 2, 3, 4 filhos e continuar a ter uma vida profissional super ativa, certamente não permite que essa mãe consiga ser tão presente assim. E tudo bem quem assim escolhe viver e se sente bem com isso. Afinal, cada um sabe onde o calo aperta. Porém, EU NÃO CONSIGO! Não é pra mim essa prática. Até porque minha mãe abdicou 10 anos da vida dela para voltar ao mercado de trabalho. Minha avó morava conosco. Ou seja, a minha realidade era de mãe e avó totalmente presentes, com a figura do pai provedor. Eu desconheço a ausência. Eu não sei o que é aquele pedido de "vai trabalhar não, mãe!" que eu já tive que ouvir do meu filho e me doeu profundamente. E, talvez seja um sentimento egoísta para alguns, mas, eu não estou a fim de abrir mão do meu tempo e de tudo o que voltei a fazer agora que Dan está começando a me dar espaço. Estou feliz, serena, plena, e, por tudo isso, não vejo qualquer motivo que me leve a engravidar. Se daqui um tempo me bater uma imensa vontade de recomeçar, de renunciar e de me dedicar a um novo e lindo amor, tenham certeza que eu o farei muito feliz. Por ora, o Daniel me basta!
